Uma soturna sombra
ronda meu ser-entorno.
Ela não tem rastros, nem evidências que deixou,
porque lhe arranquei os olhos, mas lhe dei direitos.
Porque lhe tomei o valor de-ser-algo a mais ou a
menos do que a dor.
E assim, me resta vivê-la,
indesculpavelmente,
no abismo nosso de cada dia,
como entre parênteses e palavras não ditas,
até que ela me diga
que está aí, à deriva,
com uma alegria perdoada
e o luminoso rosto da vida.
*
Um dos poemas de Arthur Gregório Valério, em destaque, na pág. 6, da 60a. Revista Ponto & Vírgula. (julho/agosto/setembro/2022)
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