A paz- Fernanda R- Mesquita


Às vezes a paz sai apressada da minha vida,
parte e parece não fazer caso do que eu sinto,
ficam as vozes alteradas, a palavra irrefletida
e eu fico no deserto, com o prelúdio da paz extinto.

Que se calem as vozes por um instante,
que renunciem a esse irrisório enredo,
que a fúria seja delírio, inspiração distante,
que a ira se levante tarde e se deite cedo.

As palavras alteram-se, cegas e sem rede,
são braços traiçoeiros que a agitação atrai,
grita aquele, grita este, irado, cheio de sede
de uma razão que enfastiada, também se vai.

Por isso, procuro o meu repouso longe de tanta tolice,
no terno ninho que a paz fez com carinho ardente
e distanciada das sentenças: “tu disseste, eu disse“
achego-me a ele, enrosco-me lenta e docemente!



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