GUSTAV KLIMT - Sérgio Roxo da Fonseca

     A imprensa de São Paulo acabou de noticiar que foi encontrado um quadro perdido do pintor austríaco Gustavo Flint, que em breve será leiloado em Viena (Estadão, C4, 22.01.24 e Folha de S. Paulo, (B10, 1.2.24).
    O nome da obra: “Retrato da Senhorita Lieser” que, por ser judia, foi deportada e morta pelos nazistas em 1926. O quadro está sendo exposto em vários países antes de ser novamente leiloado.
    A Áustria do final do século XIX e durante a primeira metade do século XX chamou a atenção seja pela sua devoção pela arte como pelos seus trabalhos científicos que exercem grande influência até nossos dias.
    No âmbito da ciência deve ser lembrado o trabalho realizado pelos professores do Círculo de Viena, coordenados pelo professor Moritz Schilick, que iniciado em 1926 permaneceu em seus estudos até 1936. O professor Moritz era mestre da Universidade de Viena e foi assassinado por um dos seus alunos que era nazista exatamente quando se preparava para ministrar uma de suas aulas.
    O grupo inspirava-se nos livros escritos pelo vienense Ludwig Wittgenstein, judeu de família rica, que adotou o cristianismo. Uma de suas irmãs serviu de modelo para Gustav Klimt. Ao que se sabe Wittgenstein nunca compareceu numa reunião do Círculo.
    Foi professor da Universidade de Cambridge da Inglaterra.
    Afirmava que seus alunos das escolas primárias lhe faziam perguntas mais interessantes do que os ingleses. A sua filosofia estava amparada no estudo da linguagem não apenas para a compreensão do mundo, mas, também para a sua compreensão. Um dos seus livros foi elaborado enquanto esteve preso no encerramento da Primeira Grande Guerra. 
    Entre outros frequentadores do Círculo ali passou Hans Kelsen.
Também judeu, nascido em Praga, em 1881, formado na Faculdade de Direito de Viena. Foi um dos redatores da constituição austríaca. Com a invasão dos nazistas alemães, refugiou-se nos Estados Unidos, onde escreveu vários livros, entre os quais a “Teoria Pura do Direto”, publicado no Brasil pela Martins Fontes. Foi um dos criadores da teoria de uma estrutura jurídica livre de qualquer outra influência filosófica. Seguramente a sua obra exerce até hoje fortíssima influência sobre o direito brasileiro.
    O pintor Gustav Klimt nasceu em 14.7.1862 nas proximidades de Viena ali falecendo em 6.2.1918. Era de uma família de pintores. Os seus quadros fogem à distância das pinturas de sua época. Afirma-se que sempre se manteve ligado às técnicas ali deixadas pelos árabes.
    O seu quadro mais famoso é “O Beijo” onde se vê um homem beijando o rosto de uma mulher ajoelhada a seus pés. Não se sabe quem é o homem. Mas o rosto da mulher seria de Emile Floge, sua namorada. Foram usadas: folha de ouro, tinta dourada, pó de ouro e tinta a óleo sobre tela com zinco branco. O homem e a mulher estão vestidos de dourado.
Enxerga-se o seu rosto e um pé dela. O quadro está em Viena (Temos uma sua reprodução fotográfica). 
    Voltando os olhos para a Áustria, antes da Segunda Guerra Mundial, os estudiosos registram que os trabalhos ali deixados pelos seus mestres, produzidos antes da invasão nazista, transmitindo uma visão crítica do passado e apontando para o progresso do futuro marcam, um momento histórico para a civilização humana. Os seus trabalhos e as suas visões ainda não foram superados pela ciência.


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