A Liberdade da Palavra Escrita- Cezar Augusto Batista


            Na minha opinião, os escritores sofrem cerceamento na liberdade de escrever, a  principiar por eles mesmos, porque na maior parte das ocasiões em que colocam um pensamento, comentam sobre um fato, e até mesmo vivendo no mundo das ficções, eles se preocupam se alguém se identificará com o texto, se alguém ficará magoado, e em certos casos se a narrativa poderá ser alvo de processo judicial.
            Em seguida vem a própria família. Devem ser bem poucos os escritores, mulheres ou homens, que escrevem o que imaginam, sentem ou vivem, sem perguntar ao cônjuge, aos filhos, aos irmãos o que eles acham. 
            Daí, partem para a tentativa de adivinhação do que seus amigos, conhecidos e pares pensarão sobre o trabalho. 
            O círculo de inibidores cresce: a sociedade, como um todo tenta interpretar e julgar o produto final, na maioria das vezes não vislumbrando a tarefa e o desgaste que são o início, a elaboração, a editoração e a distribuição de um livro. 
             Falando em editor, tem muita sorte aqueles que encontram um para custear a obra e distribuí-la ao maior número de postos de venda. Entretanto perdem mais um pouco da sua liberdade para escrever e editar de acordo com sua vontade, principalmente no tocante à arte visual da obra, à sua extensão e ao título. 
            Outro aspecto de primordial importância que os Escritores devem ter em mente, diz respeito à influencia que exercerão no seu leitor, o que de certa forma também o tolhe. A responsabilidade de quem lança uma semente intelectual é muito grande, mesmo porque não se sabe como ela germinará, pois cada um entende ou interpreta de acordo com sua capacidade.  Em especial os Romances Policiais, quando encontram uma mente fragilizada e com problemas psicológicos sérios, podem levar a acontecimentos violentos indesejáveis, o que podemos ver em muitos filmes onde o criminoso aponta um livro como fonte do seu delito, o que também ocorre, infelizmente, na realidade. 
             Quanto menores a preocupação em melindrar determinados grupos e o temor de ofender quem quer que seja, e consequentemente maior a independência em demonstrar seus pontos de vista e até mesmo revelar as próprias fraquezas, maior será a liberdade na criação da sua obra. Pois debatem sobre ideias, comportamentos, sentimentos de pessoas, e não sobre pessoas em si.
            Grandes escritores de todos os tempos foram criticados, perseguidos, porque tiveram coragem de expor suas ideias, de quebrar preconceitos, de combater com palavras até mesmo os abusos do Poder.
            Para encerrar cito o pensamento do grande Escritor francês Émile Zola (1840-1902): “Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa”.   

Salão de Ideias – 09/06/2013 – 13:30 horas
13ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto – 06 a 16 de junho








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