Trenzinho da vida- Alceu Bigato


Ao guichê da flor da idade, o calendário me chamou.
Uma passagem do tempo, de graça me entregou.
Como passageiro da vida,  comigo ele embarcou.
Quatro estações do ano e o trenzinho não parou.
Meu conto de segurança  era ela ao meu lado,
mas rasgaram-lhe a passagem alegando número errado.
Levaram ela pra frente e para trás fui jogado.
No bagageiro do amor acabei sendo roubado.
No trecho 365, também me acidentei,
e no toalete a bordo, cabisbaixo me espelhei.
Rugas e cabelos brancos, eis o que avistei
e, pelas portas de emergência, fuga inútil tentei.
Minha mãe me deu a chave do meu trenzinho da vida
logo após meu nascimento.
Acionei a partida...
Chegado ao final da linha,  creio ter a missão cumprida.
Peço a Deus não ser pingente no apito da despedida.





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