Sentei-me
a uma mesa de quatro lugares
(a
sensação de companhia era essencial)
Nenhuma
mulher
(uma
que trocasse comigo duas palavras por misericórdia)
Veio
o garçon
Veio
o chope
Exatamente
nessa ordem
(fosse
o contrário e talvez o garçon compartilhasse
comigo
este cálice)
Nenhum
amigo
(todos
devem estar celebrando algo e os que nada
celebram
por certo vivem incomunicáveis solidões)
Nenhum
filho
(se
estivessem aqui preencheriam os lugares na mesa
e não
o meu coração)
Nem a
lua
(se a
visse dependurada no céu amarraria nela
a
corda dos meus desatinos)
Passa
da meia-noite
(um
casal se levanta e ela sussurra para ele:
feliz
dia dos pais!)
E eu
suplico por um veículo espetacular
que
me transporte para a vastidão do universo
(onde
se possa viver sem tantos tropeços)
Filhos
da posteridade!
Quando
lerem este poema
saibam
que o escrevi não porque sou poeta
mas
por que estou absolutamente triste.
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