É agora... ou nunca - Maria Aparecida Felicori


Fale comigo agora que estou aqui.
Me diga uma boa ou má palavra,
porque estou aqui e não ali,
na sepultura na terra brava.

Venha me ver enquanto estou aqui.
Ficarei feliz em ser lembrada.
Depois de morta não estou nem ai,
defunto não precisa de mais nada.
Cante uma canção para eu ouvir,
que seja pequena e suave,
porque no caixão não vou sentir,
mesmo que seja uma batucada na nave.

Me  dê uma modesta florzinha,
uma pequena violeta ou um jasmim,
quero agora pois estou vivinha,
morta não preciso nem de um grande jardim.

Que tal um bombom ou um docinho,
que vou comer com alegria?
Falecida não preciso nem de um pedacinho,
mesmo que seja da melhor iguaria.

Se for a uma festa me leve junto,
pois gosto de cantar e dançar.
Estou viva e sei me divertir muito,
mas depois de morta vou ter de parar.

Escute com paciência quando eu me queixar,
estou viva e por isso tenho dores.
Às vezes me canso e quero desabafar,
morta não quero choro e nem flores.

Reze por mim ou comigo,
enquanto estou nesse lugar,
uma oração bonita de um amigo
nesse momento, porque morta não vou precisar.

Agora é a hora se quiser me agradar,
porque a vida começa e acaba a cada dia.
Hoje estou aqui, amanhã não sei se vou estar.
Por isso minha gente é melhor aproveitar.



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