Epifania- João Nery Pestana


A noite são olhos fechados, alheamento e nervura. 
Eu sou esse lugar refratário antes do abismo que cultua
teu nome, tua ausência sem dimensão, como
fantasmas alvissareiros depois do estige. 
Esse espectro sem lado, que te passeia o ventre enquanto
morres dentro de mim, sou eu. Não há destreza
quando a eugenia escapa à espécie, restam
esquecimentos indecifráveis e antinomias que não se
sabe quando. No entanto, penamos em quadros
súbitos, entre indícios e filamentos, sem saber o
instante em que um assombro espesso se erguerá do
fosso, possivelmente onde ela se encontra, e, com
mãos-caronte, aguarda o momento exato do êxtase fatal.






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