Guilherme Mapelli Venturi

Morte do sonho
                                                         
Presente, projetor de ilusões futuras;
dias, tentativas desventuradas
de aventura, perpassadas pelo atraso
do tempo que deixou de se cronometrar.
Os números, tendo-os ou não,
os ponteiros seguirão
até o último suspiro da pilha.
Parado, o relógio,
no jazigo será descartado...
cemitério: morada de novatos
sonhos inacabados e de
veteranos feitos findos.

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Exílio nômade
                                                                   
Ramo desflorado de lírios,
caminhada sem rumos,
ex-lírio, exílio do que deixou de ser
para sê-lo agora, indiferente.
Exilo-me porque a mim me exilam,
sou quem não querem
e quero quem não sou.
Exilo-me para perder minha alma,
buscando minha calma.
Refloresço em delírios nômades,
Caminhada de re-lírios rumo ao horizonte...

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Dia e noite: as estações da Alma
                                                               
Dirigindo-me ao meu lar,
por alguns instantes paro e fico a olhar:
a risonha face do Sol a sorrir e a esquentar,
ou será a tristonha máscara da lua a chorar?
Dia caótico, rotineiro,
vivido sem o gozo que lhe exige a Vida
e que não o soube aproveitar.
O dia da noite, a noite do dia,
será dia ou será noite?
Se Astros refletem o raiar e o luar,
porque e como diferenciá-los?
Onde realmente faço morada,
na rua do nada ou em mim mesmo?
Será que resido ou sou residido?
Enquanto natureza,
Sol e Lua se fazem como são.
Para mim, se fazem como os faço:
não me faz o dia e a noite,
faço-os, porém, conforme
o viver de minha Alma.
Se vivo apenas em corpo,
matando-a, convenço-me
de que certo estou.
Se vivo e deixo-a viver,
contradigo-me.
Desta ou daquela forma,
vivo ou morto,
natureza ou subjetividade...
Carpe Diem!!




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