Fim de tarde!
O cheiro gostoso do café impregnava
o ar como todos os dias, no mesmo horário! Minha alegria aumentava, “era a hora do café”. -
-
Já estou indo! - respondia contente, feliz, ao chamado de minha mãe que me
esperava com a garrafa de café nas mãos. Dizendo tchau,
saía correndo, pulando, cantando, deslumbrada com a beleza da tarde e com a
música harmoniosa da natureza. Caminhando pela linha do trem, não
via a hora de chegar o dono daquele café. A saudade aumentava. Minha emoção transbordava de
felicidade ao sentir o cheiro de graxa, da lenha queimada, da poeira no ar e do
vapor quente nublando o lugar. (aquele lugar era mágico para mim, guardo-o na
lembrança com carinho, tudo ao meu redor era encantador). Com a garrafa de café nas mãos
caminhava sem medo, o calor do lugar me aquecia. Brasas vermelhas faiscavam na
fornalha da Maria fumaça, pronta para partir, e pelos trilhos deslizando, unindo
horizontes, levando alegria, lágrimas, abraços e saudade. Os ferroviários manobrando com
prudência a chave do sinal, sorridentes observavam por onde eu passava. Minha
alegria aumentava, o meu coração disparava, a sua ausência me preocupava, mas a
magia do lugar me acalmava.
De repente em meio à neblina de
fumaça sorrateiramente aparecia: “o dono do café”. Com o rosto sujo de graxa, a
estopa nas mãos calejadas e na cabeça o chapéu roto e desbotado. A alegria nublava em lágrimas o meu
olhar, “era a hora do café”, o encontro tão esperado e desejado. Em seu rosto o sorriso transbordava
de alegria ao me ver! Sua expressão era de amor e de felicidade, irradiando o
seu amor fraternal. (momento inesquecível para mim). No aconchego de seus braços e
abraços, ao meu pai o café eu entregava. Foram bons os momentos da minha
infância, ficaram gravados em minha memória e no dia a dia da minha vida desabrocham
em meus pensamentos. O tempo passou... (tudo na vida
passa!)
Só a poesia da história, com sua
magia, permanece e ultrapassa o próprio tempo.
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