João
Pedro Araujo dos Santos, nascido no interior do Estado da Bahia,
filho primogênito de uma extensa prole de nove
irmãos, viveu até seus quinze
anos lá entre os conterrâneos, onde a vida parecia fácil, devido a natureza pródiga
da vida rural que supria quase todas as necessidades de alimentação da família
e com o pouco ganho dava para ir levando.
Porém com o crescimento da meninada e a pressão por outras
oportunidades, seu pai, Jesuíno Araujo dos Santos, resolveu partir para a
capital.
Àquela
altura da vida, Salvador parecia ser a solução. Mais oportunidades de trabalho
e de escola para seus filhos, irmãos e irmãs de João Pedro. E assim fez. Viraram
soteropolitanos.
Foi
uma grande mudança para todos. Uma cidade grande, muitas possibilidades de
ganho, empregos, escolas, enfim um novo horizonte aconteceu para todos e, especialmente,
para o nosso herói. A descoberta daquele mundo cheio de novidades
que ele, com todas as expectativas de jovem, soube bem avaliar e aproveitar, tornando-se
um aplicado trabalhador e ótimo aluno.
Em
uma das diversas atividades escolares veio a participar de um concurso
literário cujo prêmio era uma viagem ao Rio de Janeiro para conhecer a cidade e
participar de um encontro nacional de escolas brasileiras.
João Pedro e mais quatro colegas de
outras escolas conseguiram o prêmio, e
nesse ponto, outra virada de rumo em sua
vida. Ao chegar ao Rio, num dia
de sol aberto, numa sexta-feira, a
cidade estava em ebulição, o trânsito frenético com seus carros reluzentes de modelos não vistos
antes, as pessoas diferentes daquelas a que ele estava acostumado, foram para
ele uma grande novidade que o impressionaram muito.
Naquele
momento ele formulou um sonho ”vir morar no Rio”, intento que iria se
concretizar após três tentativas. Conseguiu
emprego de “higienizador de louças” (seu
bom humor o impedia de dizer “lavador de
pratos”), e assim, na nova cidade e nova vida, João Pedro, trabalhava e estudava. Depois de alguns anos de muita luta e
trabalho terminou a Faculdade de Administração de Empresas, com ótimo conceito,
o que lhe propiciou um convite para ir trabalhar em São Paulo, não mais como
“higienizador de louças”, como de início,
mas agora como “ higienizador” de finanças e administração de uma Empresa em
dificuldades. João Pedro, mais uma vez,
se mostrou capaz, colocando a mesma em ótima situação.
Realizado
profissionalmente, num dia de folga, começou a relembrar seus dias de infância,
juventude, seus dias de extrema carência e a compará-los com os dias atuais. Concluiu
que não era mais a mesma pessoa e, portanto, não poderia mais denominar-se João
Pedro Araujo dos Santos. Achou que não fazia sentido ter se transformado tanto
e ter o mesmo nome. Com essa ideia chegou a consultar um advogado, que o
informou da enorme dificuldade de mudança de nome. Ainda assim a vontade de
mudar não o abandonava, tornando-se uma ideia fixa. Chegou a hora de falar com
o seu analista. Após algumas sessões, e sem uma solução viável, o analista lhe disse:
“Toda vez que alguém o chamar, você mentalmente coloca após seu nome o adjetivo
“novo”, então assim não será a mesma coisa, fará jus a sua “nova” pessoa”.
João
Pedro gostou da ideia e passou a denominar-se “João Pedro o novo”, e isto com o
passar do tempo tornou-se um mantra que lhe faz muito bem, imagina-se sempre
renovado e ficou livre da pecha “velho”, pois ele era sempre o novo.
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