Você me encontrou, por acaso,
na página de um livro que não leu,
num lapso de tempo que pintou,
por acaso, “e se encantou”.
Eu também, por acaso, o conheci
num lance de vida que aconteceu,
por acaso, e que nunca entendi.
“Me apaixonei”.
Você, o viajor arrojado. Eu, a poesia.
Você, mergulhado no prático. Eu, na Filosofia.
Faz tempo não?
Você me amou e odiou ao infinito.
Eu o amei e odiei quase à loucura.
Fomos, a um tempo, Criador e criatura.
E, por acaso, hoje me vejo o viajor cansado,
com estafa até da poesia.
E você – que ironia – o filósofo apaixonado
na busca do “porquê”, vasculhando
algum lugar do qual me distanciei,
e mergulhei no mundo onde encontrei você.
(1982
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