O Conto- Fátima Vidal



            Naquela tarde tudo parecia tranquilo, o vento que tocava meu rosto era suave e sereno...
            Enfim chegou à cidade, aquele pequeno povoado o tão esperado "circo".
            Cidadezinha pacata, ruas estreitas, chão batido, onde o asfalto, energia elétrica, não existia ainda.
            Ao entardecer, ao cair a penumbra da noite para suavizar toda essa escuridão, a energia elétrica era movida a motor.
            Então eu e minha irmã Bia, íamos ao circo aos domingos participar dos shows de calouros, onde naquela época era a atração da cidade. Ensaiávamos a semana inteira as músicas da "jovem guarda", anos 60, 70 tocadas nos pódios daquela época.
            Tínhamos televisão onde era preto e branca. Gostava muito das músicas dos cantores Vanderley Cardoso, Evaldo Braga, Carmem Silva, Nelson Ned.
            Minha irmã preferia Cely Campelo, Roberto Carlos, Jerry Adriane, Paulo Sérgio e Martinha .
            Nessa época não havia água encanada, faziam poços, onde cavavam até surgir a mina d'água.
            Colocavam um sarilho, corda amarrada e um balde, onde puxávamos barris.
            Então todas as vezes que puxava água, eu ensaiava as músicas.
            Não via a hora que chegasse os finais de semana, para ir ao circo com minha irmã para participarmos do Show de calouros.
            Quando nós cantávamos sozinha a plateia aplaudia muito e queria "bis", ganhávamos muitos prêmios.
            Mas chegada a hora do circo partir, tudo parecia entristecedor e frio.
            Assim que o circo deixava a cidadezinha, muitos parques chegavam, alegrando-a novamente.
            Havia aqueles balanços com gangorras; movimentávamos o corpo, até atingir uma certa altura.
            Começávamos a cantar; onde nossa voz ressoava alegremente no ar, até atingir as nuvens densas que por ali passavam.
            Mas para Bianca e Bia, o bom mesmo, era quando o circo voltava à cidade e tudo passava a ser como era antes.        Prêmios e mais prêmios conquistávamos...
            Que tempo bom foi aquele! Tempo da inocência e simplicidade...
            Onde tudo era permitido e não havia nenhuma maldade.



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