Olhos passeadores na China- Sandra Helena de Carvalho Ramos Valladão



    Impressionante o olhar sem vergonha de alguns cidadãos chineses, poderia até dizer quase que da maioria, mas não posso afirmar. Num bom sentido é claro...
Seus olhos puxados e pouco abertos, de pálpebras não arredondadas e sobrancelhas mais afastadas dos cílios, fazem uma varredura virtual, caracterizando pessoas com visão aguçada...
    Capturam no ambiente o objeto ou pessoa alvo que lhes chama a atenção, nesse relato: eu, uma ocidental curiosa. Nossos olhares se fixaram por segundos e expressaram nosso contentamento e reciprocidade, imediatamente nossos lábios se abriram em alegria e nossos sorrisos cresceram majestosamente em laços de irmandade.
    Aproximaram se sem pudor ou timidez e mergulharam a manifestar sua curiosidade pessoal: “De onde você é?” “Wǒ shì bāxī rén”, “eu sou brasileira”, um breve diálogo de pequenas palavras ou frases, até mesmo longas tagarelices, se estabelecia.
    Estava firmada uma relação de comunicação, nossos ouvidos nada acostumados com o som da língua chinesa, o mandarim, buscavam em seus arquivos internos algum som que lhe parecesse familiar, ambas as partes ouviam e emudeciam, riam, a boca se abria ao som da gargalhada, rimos de maneira exagerada e, nesse encantamento da relação, nascia a próxima e última fase dessa nossa relação marcada por minutos, o abraço da despedida... Ah! Que abraço caloroso! Querido, sincero e puro...
Que Saudade! Se eu pudesse! Eu não voltaria para casa (Brasil).



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