Papel em Branco- Eda Maria Reis Carvalho





            Que saudade daquele tempo em que eu estava estudando na nossa sala e lá da cozinha vinha aquele cheiro gostoso da goiabada que, com carinho, só mamãe sabia fazer!
            O tempo me incomodava porque eu não via a hora de compartilhar aquela deliciosa sobremesa, que, muitas vezes nós saboreávamos entre queijos, pães, e de todo jeito. Ela era única!
     Que saudade daquele tempo que eu corria, uniformizada, para o colégio e, a cada dia, eu me sentia mais “eu”, porque ia descobrindo o mundo nas aulas de Geografia, as pessoas importantes para o mundo nas aulas de História e as pessoas imprescindíveis para Deus nas aulas de Ensino Religioso!
            Quanta sabedoria nos legaram para mantermos nossa família, o abraço que cura e conforta, a certeza de uma vitória imperecível com o Senhor!
            Verdadeiros faróis em alto mar, que nos orientavam para termos aquela sociedade que buscava a justiça, a serenidade, a paz, pois aquele que fecha a porta ao irmão um dia chorará de solidão.
            Aquele que não divide com honestidade perderá mais do que ganhou.   
            O bem que aos outros fazemos volta, assim como o mal.
            E, nesta harmonia, o dia amanhecia com o canto dos pássaros e o sol brilhava sobre a vegetação e jardins de uma cidade pacata. O  tempo dócil, passava... passava...
            À noite, o céu estrelado nos fazia encantados ao olharmos  o amontoado de estrelas e estrelinhas que quase não as distinguíamos: as  Três Marias, o Cruzeiro do Sul, e éramos felizes... felizes...
            Na nossa querida escola, nas aulas de Artes, cada uma procurava fazer uma nova “obra maravilhosa”!
            Na nossa ingenuidade saudável éramos tão especiais que guardamos uma caixa destas lembranças, algumas hoje amareladas. São tão preciosas para nós!
            Os professores e diretores eram tão especiais como nossos amigos!
            Infelizmente a sociedade nos solicitou uma faculdade e nos separamos neste mundo controvertido de valores, mas nós somos firmes e procuramos não nos confundir nesta sociedade selvagem, onde a política é, num grande irreverente grupo de pessoas que ocupam altos cargos... misericórdia...
       Para estes, eu gostaria de dizer muito, mas não entenderão... então, eu lhes ofereço, UM PAPEL EM BRANCO!







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