Enquanto a tempestade estremecia a terra
olhei por toda parte e não me vi.
A casa estava vazia.
A porta escancarada...
A chuva caía em goteiras pelos cômodos,
as janelas abertas, o teto desabando.
Saí a procurar por mim,
tremendo de frio e de medo
lá fora entre os relâmpagos
e a escuridão da mata densa...
Caminhei sem tréguas pelo temporal,
escoriada pelo mato fechado,
atolada no pântano gelado.
Um dia começara a divisar o sol
numa clareira próxima.
Uma cachoeira jorrava água cristalina
formando um lago azul.
Lá não chovera.
Vi-me deitada na areia sob o sol morno,
banhando os pés na água.
Chamei por mim e vi que me voltara para olhar.
Não me reconhecia mais.
Quanto tempo se passara?!
Perguntei, mas nada sabia
sobre tempo feio e clima instável.
Ouvi pela primeira vez o som da minha voz.
Como era bela! Nada sabia de uma casa em ruínas...
Estivera dormindo, acabara de acordar com o meu chamado.
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