Numa casinha no alto da serra em
Minas Gerais, muitas árvores floridas, pássaros voando e cantando fazendo um
barulho incrível, o sol se escondendo frágil, sem cor, pois a chuva, que
ameaçava cair, desanimou e se escondeu com ele.
Talvez o sol tenha sentido que
não era necessário esparramar a sua cor, visto que as árvores já estavam no
auge de suas potências, enchendo nossos olhos de cores alaranjadas, amarelas,
marrons, verdes de diversas tonalidades, que se misturavam com o colorido dos
pássaros. Assim, o grande sol deve ter pensado que seria muito carnaval para
uma tarde de novembro.
Com os olhos alegres de ver
tanta beleza e o coração feliz com a algazarra dos pássaros, eu só admirava,
perplexa com o movimento da natureza.
Deixei a noite chegar sem muito
questionamento interior, só agarrando tudo com os olhos e segurando firme
dentro de mim, para a memória não esquecer aquele dia.
E a noite veio, escurecendo
tudo.
Continuei ali, zanzando pelo espaço
sagrado, de um lado para o outro, em frente à casa, fincando o pé na serra e o
olhar em tudo.
Escuro total, breu, nada de luz
artificial inventada pelo bicho racional, mas a natureza viva mostra a sua
força, sua luz própria.
Com o pulsar da terra, a serra
se encheu de vagalumes no seu piscar luminoso, fiquei ali, sem piscar,
embriagada pela beleza e com a alma pequena por saber-se triste por estar a
perder tantas vezes aquele encanto, mas alegre por naquele momento estar ali.
Pude sentir, ver e me emocionar
com a beleza da natureza que se ofereceu a mim naquele dia, por eu estar com
ela, acolhendo-a amorosamente.
Fiquei forte, feliz e criativa,
e me pus a escrever, curando minha alma.
Que eu possa, no meu pedaço da
serra, mostrar a outros humanos uma noite de vagalumes felizes, que eu possa
brilhar como eles e sentir-me pertencente a um grupo de luz, irradiando beleza,
paz, harmonia e silêncio interior.
Bom é estar viva e enxergar com
a alma.
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