Daniela Consoni Balbo



Esse nosso Amor

Amo-te!
Amo-te no silêncio perdido da canção fúnebre.
Amo-te no escuro que torna cega a luz do sol.
Amo-te no sangue do último poema assassinado.
Amo-te no pranto, no grito rouco, amordaçado.
Amo-te!
Amo-te sozinha quando muitos te esqueceram.
Amo-te no desvio em que tantos se perderam.
Amo-te lutando quando muitos fracassaram.
Amo-te com vida, quando tantos sentimentos se castram.
Amo-te!
Amo-te no hoje que se esqueceu de acontecer.
Amo-te no tempo que me guia ao envelhecimento.
Amo-te até mesmo quando por poucos é lembrado.
Amo-te... pra sempre!

***

Recuperação

Rodo em círculos,
rodopio em redemoinhos,
saio e volto pro mesmo lugar.
Quem me dera o néctar provar,
mas é de fel o meu paladar.
Ando em meio a angústias e restos,
restos esses que meu paladar
segue em frente sem nada esperar.
Nem mesmo o tato,
nem mesmo o olhar,
nem mesmo o olfato me faz chegar
onde tenho que estar.
Em meio ao medo,
em meio ao desespero,
ao passado me remeto.
Presente se fez do passado,
Presente que o futuro aguarda.
Socorro peço...
Agora sim!

Me ergo!
Não me perco.
Agora sim!
Paladar de mel,
olfato de mel,
olfato que é só meu!
Olho pro céu...
Agora rodo,
você ao ponto do meu encontro.
Reergui!
Ressurgi das cinzas, resisti!
Sou um só ser de grande beleza,
sem culpa nem dó.
Sou quem sou!
Sou a luz do meu sol!

***

Ressuscitar o que se perdeu

Na Fazenda à noite.
Já é tarde e finda-se mais um dia!
A noite viaja ao encontro da manhã.
O silêncio tem sua nostalgia em negro,
e uma suave música na natureza,
encharca a noite de doçura.
Um cobertor para o frio
e assim me protejo, como posso,
do esquecimento.
Jamais quererei “ostracismo”.
É como uma chuva prateada que cai do céu
e cobre tudo que está ao meu redor,
com todo meu carinho,
a malícia de minhas mãos,
e a travessura de minha imaginação.
É bom, eu sei, algo se revela
e tudo se rebela!
Novamente volto a sonhar, volto a criar,
sentindo saber e viver o momento,
o passado, o futuro, o presente,
tudo em perfeita harmonia.
Algo desconhecido se incumbe de fazer renascer
o que há muito havia ido embora.
Nesta noite, como por encanto,
cá estou eu a sentir, a exaltar,
a escrever!



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