Maria Aparecida de Rezende Gaiofatto



Premência

Tenho combinado momentos.
Há muito tem faltado tempo.
Entre sonhos visualizo
Entremeios, compartilho
À procura do que creio.
Observo, penso, crio
Cada detalhe sentido
Cada opção que integro
Sombra, luz e vazio.
E leio
A vida à volta, vela acesa
Que minha veia incendeia.
Pouco tempo...desvario
Entre o poema que queima
Em delicado cuidado
Silencia
O que a tudo permeia.
Receio? Tudo é intenso
Muito amado, sem conceito
Pré determinado.
Há o risco, a carência
O desafio
Há o encanto mesmo a frio
De equilibrista
Que a tudo concilia
O diferente, o estranho.
Olhar apurado, gosto em extinção
Premência
Valha-me coração!
Pro que der
Em conciliação.

***

Ânsia de idades que faltam

Ânsia esta que sacode
De ver os dias se indo
Me roubando tempo escasso
que não quero diluindo
Se dispersando em vazios
Pra tanto viver que explode
Tanto belo, tanto tudo lindo!
Horas, dias, rios contraditórios
Desassossego no peito
Extravaza pelos olhos
Construindo
Pelo toque, gosto e cheiro
Momentos que nunca tive
Lugares que a mim acolhem
De infinito conselheiro.
Tempo espaço vivo e faço
Me perco só de espreitar.
Me desfaço que careço
Me recolho no estranhar
Pra diluir tanta ânsia,
Tanto abraço, tanto beijo
Lugares que construí
Lugares que não encontro
Na ânsia eterna de amar.

***

Dia especial

Abre-se no tempo uma brecha
Para um dia especial.
Se oferece ao ser que anseia
Vieses de céu prometem,
Clareiam!
Brisa leve ensolarada
Brandura, terna doçura
O dia permeia.
O de hoje o faço farta
De abraços, carinho dado, delicado,
Perfeição em oferenda!
Quero embrulhar os momentos,
Meus recados de alegria e convivência
Mesmo na dor trocado,
Às vezes amarrotados
De carência.
Trago um punhado de luz,
Amalgamado de encontros,
Cúmplice laço de afeto, enlaçado de presença
Fita cor de esperança,
No pacote a serenidade, aninhada ao coração,
Ao doar amor trocado.
Cada dia que se abre traz no bojo seu anseio.
Este é o dia, esta é a hora,
Gratidão oferecer, faço oferta ao celebrar.
E o amor que ama o amar
No peito aflora.

***

Vulnerável e exposta

Vulnerável e exposta,
Vem, o que nem sempre convém...
Fere a alma qualquer ordem ou pressão.
Perde-se o rumo,
Sensibilizada,
Fora de prumo,
Desarticulada, agitada,
De ritmos abandonada.
Haja revolução!
Se frustra.
Endurecida, desfaz-se a canção da vida
Em sonhos titubeantes.
Descompassada,
Perde o fio no labirinto,
Melodia tange o triste,
Desequilibrada, dissonante.
Pondera o que perde,
Toda espontaneidade
Que salva e ergue.
Alma subverte.
Haja luta!



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