SONHOS NÃO ENVELHECEM- Denise Farias Bortoliero


Doces anos sessenta, anos de ouro, onde a música, a moda, o cinema, os shows, eram encantadores!
Dancei, ah! Como dancei! Entre damas e cavalheiros distintos, entre melodias diversas, roupas esvoaçantes, a mistura dos perfumes nos salões me levavam longe.
Cruzei oceanos em navios majestosos, mergulhei por entre mares calmos e bravios.
Voei pelo mundo, conheci lugares magníficos, aprendi línguas.
Envolvi-me com as mais diversas culturas, no Egito conheci os mistérios que circundam as margens do poderoso Nilo, andei no dorso dos elefantes africanos.
Orei entre as mesquitas, toquei as gaitas escocesas, saboreei pratos europeus, me perdi entre o deserto do Atacama, rolei nas brancas neves da Antártida.
Conheci os cangurus da Austrália, descansei entre os tecidos mais suaves do Japão.
Amei, ah! Como amei!
Há ainda quem diga que da vida nada conhece, estão entre as algemas de seus trabalhos, amarrados nas cordas das desilusões e das mágoas, sem perspectivas, sem sonhos.
Eu estou envelhecendo, continuo sempre aqui, vivi tudo o que vivi, sem ao menos poder levantar-me.
Não tenho culpa de ter nascido com uma síndrome na qual não me permite movimentar nem o pescoço, afinal ninguém tem culpa.
Os livros são as asas da minha liberdade.

Continuo a sonhar, porque sonhos não envelhecem!





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