Carlo Montanari- A mulher de branco gigante



Os antigos moradores da cidade de Passos, no Sudoeste das Minas Gerais contavam um fato bem daqueles de arrepiar os cabelos do s...
Era bem assim, e eu ouvi tremendo o corpo todinho: No Colégio estadual “Professora Júlia Kubitscheck”, que havia sido um cemitério na época em que a cidade dava seus primeiros passos de crescimento, os muros eram bem altos em torno de-la, e o movimento por ali parecia crescer porque os bairros mais para a parte alta da cidade interessavam aos mais abastados. A Rua dos Brandões era uma das maiores e corria ao longo de um desses altos muros...
Sabe como é, né? Cemitério, histórias antigas de crimes como a matança do Fórum, onde Coronéis foram mortos, um a um, atocaiados porque foram chamados por um Agente Fede-ral para serem interrogados, o que não aconteceu, porque fo-ram recebidos no segundo andar, depois das escadas, com ma-chadadas na cabeça. A ideia era acabar com eles mesmos, dan-do cabo, de vez por todas as “mandanças e pendengas” locais, dentre outros assuntos políticos que “corriam à boca pequena” nos bancos das praças e pontos de táxis, também ali na praci-nha do Rosário.
Eu vivia ali pertinho daquele muro, arrepiei agora! Per-tinho mesmo, não dava nem cem metros de distância de minha casa, na Rua Quarta Chapada. Eram seis chapadas ao todo, cortando o centro leste da “Ardêia”. Ia esquecendo de dizer, este era o apelido de minha Passos.
Voltemos ao “causo” nada horripilante até agora. Dizi-am que, após a meia-noite aparecia um vulto branco e grande, pairando por sobre os muros do antigo cemitério e que ainda estaria frequentando fantasmagoricamente as noites sombrias até hoje... Fazia os aparecimentos justo quando alguém esque-cido, ou desavisado, por ali passasse durante as doze badaladas da Igreja da Matriz do Senhor Boas Jesus dos Passos.
Daí foi que em um final de semana, já na segunda, eu voltava para casa um pouco mais cedo porque teria aula pela manhã e as energias tinham que ser renovadas, pelo menos um pouco, das “gandaias”. “Caio na real” quando ouço a segunda badalada do sino da matriz. E eu estava exatamente de frente do Colégio, mas para chegar em casa tinha que virar a esquina, passar pela Brandões e seguir os cem metros na Chapada até minha casa, são e salvo. Arrepiei todinho e acho que corri, nem sei como, ao som das badaladas... uma atrás da outra.
Olhar ou não olhar para trás: Olhei! Besteira minha, pois uma mulher de um tamanho gigantesco, com um looongo vestido branco, soltando fogo pelos olhos avermelhados, parecia crescer a cada passos que eu conseguia dar... E parecia não sair do lugar nunca...
Acordei horas depois e não fui à aula de ginástica do Professor Vinícius, porque seria naquele Colégio-cemitério!!!
_ Fui não, “cebesta sô”.
No ano seguinte, minhas aulas passaram para o período noturno...






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