Arrebato do peito
o meu coração
- tecidos esgarçados
Olho-o de modo firma e grave
É vermelho
de um vermelho quase negro
E bate ainda
mas em descompasso
E parece infeliz
conquanto ame
Vejo-o morrer
como sinto morrer a minha alma
Tento reanimá-lo
mas não reage
Dou-lhe água
dou-lhe pão e vinho
Permanece morto como eu próprio
Canto-lhe uma canção
danço para ele
nada!
Recito-lhe um poema
nada ainda!
Digo-lhe que ela ainda vive
creio ver nele um sopro de vida
Que ela voltará
ele se mexe
parece retomar a cor
Que não o esquecerá
volta a bater
Que o ama
volta
súbito
para o meu peito
aconchega-se
E choramos muito.
10a. Antologia Ponto & Vírgula - Pág. 26
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