Marlene Cerviglieri- A Casa das lembranças

Desde a entrada tudo me parecia tão diferente. Um diferente lindo cheio de cuidados, de aparatos me sentia em outra época. Fui subindo a pequena escada ladeada por trepadeiras bem verdes algumas com flores se abrindo. Tudo era pintado de azul. Havia tempo que eu não aparecia.
Cheguei à entrada e a porta estava bem aberta mesmo as duas partes parecia que as plantas queriam adentrar a casa. Era um estado diferente de se sentir. Ali em pé e sorrindo estavam os dois a minha espera. No abraço carinhoso, mas bem apertado senti todo o carinho que me transmitiam naquela tarde. Tudo arrumadinho duas salas grandes com móveis escuros apesar da claridade que inundava a sala naquele dia.
Os bibelôs expostos xícaras e bules azuis, pequenos vasos bonecas sentadas.
Tudo tinha um significado, lembranças!
Sorriam e transmitiam a felicidade que sentiam com minha presença. Cada uma queria falar primeiro, Sentei-me no meio dos dois e enquanto me falavam de tudo que haviam feito meus olhos percorriam a sala com carinho vendo cada peça e até mesmo o tear encostadinho no canto com coisas lindas tecidas e coloridas. Os quadros eram os mesmos e reluziam com as réstias do sol teimando em ficar presente em nossa conversa. Chá ou Café? Nada.
Queria mesmo era ouvi-los, mas bolachinhas estavam na mesa e então me levantei para ir lavar as mãos.
Não havia lavabo fui ao banheiro.
Novamente voltei a um passado distante. Uma grande banheira e em suas beiradas os sais os sabonetes e toalhinhas borda-das! O espelho adornado com lâmpadas torcidas e brilhantes. Tudo cheirava muito bem até o xixi esquecido no vaso. Um imenso vaso todo incrustado de mulheres nuas portava um grande maço de flores que naturalmente vieram do jardim da casa. Pensei por isso que cheira bem.
Voltei e havia um delicioso chá, milícia me disse ela além de perfumar todo o ambiente era delicioso. Seu aniversário havia passado e fui até lá justamente para abraçá-la, minha doce e querida amiga. Ele um grande artista como tocava bem. As notas pareciam flutuar daquele piano. Falamos muito pusemos em dia nossas vidas numa doce tarde cheia de sol e claridade naquela sala tão cheia de lembranças. Até os livros tiveram vez, quando procuramos os poemas que tanto gostávamos.
O tempo passou e nem percebemos, foi escurecendo os pássaros foram entrando devagar se acomodando. Como era de costume. Uma tarde gloriosa como um lindo Sarau e tão cheia de lembranças.
E meus amigos, bem adormeceram sentadinhos no sofá um ao lado do outro, e eu?
Sai de mansinho e bati o portão lá em baixo como de costume.

E se fez noite!




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