Por
que será que não consigo mais escrever? As frases e en-cadeamento das palavras
não deslizam mais com saber & sabor! Será a internet que entretém e
intrometi na atenção e concentração? Parafrenia? Demência precoce? Será o
bloqueio pré-parkisoniano do cérebro, em função de neurônios feridos
mortalmente por anos de vida etílica, tóxica, colesteirozenta, desregrada e
mal-amada?
Paranoia!
Que aflição angustiante e protomórfica... ou seria uma leniência pirambolesca?
Saudades da época em que eu balouçava e rebolava um bambolê nas minhas
cadeiras. Minha cabeça escrevinhadora era tão lépida e transicional... uau!
Etaaa, época boa, em que idolatrávamos os Beatles e os Rolling Stones, o amor
era free e a madrugada serenosa delirava uma romântica poesiatransmutante. Que
lirismo chicoso, úmido e lancinante!
Fico
horas na frente da tela branca do Word e o dedilhar no teclado não vinga,
dancei, me ferrei... Quando o desespero do não escrever impotente cresce
assustadoramente, desando a tomar overdoses de café extraforte com aspirina,
mais cafeína, pra fazer o calhambeque cognitivo pegar no tranco e no barraco.
Nada, bateria pifando, tá com o motor quase fundido, tá brochado: ginseng,
Enxaq, Nootropil, Lexotan, Bromazepan, guaraná em pó, catuaba... nada da
escrita inspirada e criativa aparecer... Penso em Van Gogh, o suicidado!
Diante
da iminência de uma síndrome mista de ansiedade e depressão, recorro à
geladeira para um pouco de prazer e gratifica-ção neurótica. Salivando em
frente ao templo do prazer oral, passo a realizar uma análise combinatória das
comidas gostosas, com arran-jos, permutas e combinações = mexido à mineira,
arroz e feijão re-quentado e bife à camões... ou à cavalo? Estrogonofe com
sardinha em lata e vinagrete do sábado? Melhor um sakê com miojo. E o sono
agitado, transcendente, rangente... Recorro ao neurologista para um pouco de
Ritalina - acho que tenho TDHA desde criancinha e não sabia. O médico japonês
recusa a me receitar e ainda me acusa de intenção dedoping, pode?
Depois
de muito sofrer e ficar parado, tal e qual um poste, recorro ao método oriental
para uma escrita criativa: dedicação, disciplina, transpiração, artes marciais,
música para a alma, verde, muito verde na comida, no olhar, nas viagens. E
leitura de provérbios:
“As
dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre
elas. Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota. Até a jornada de
mil milhas começa com um pequeno passo. Treine enquanto eles dormem, estude
enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, VIVA o
que eles sonham”.
(Provérbios
japoneses)
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