Uma porta emperrada nalgum canto
O vento vez por outra entreabria.
Fincada entre rochedos, por encanto,
que beiravam o mar, que os encobria,
a casa era tão grande e tão vazia
que o eco não parava um só instante.
A névoa mais escura a encobria,
tão alta se encontrava e tão distante...
Estreita trilha a ela conduzia
Uma sebe de espinhos a rodeava
Quem poderia entrar, quem sairia?!
Tão íngreme a encosta que a escorava...
A umidade que a maré trazia
tudo manchava, tudo corroía.
Jamais se vira o sol descer a serra
Nenhuma vegetação cobria a terra...
Lá dentro o tempo há muito não existia
E uma noite sem fim por lá ficara.
O murmúrio do mar e a ventania
Eram a única vida que restara...
Fantasma pálido que ali vivia
De um lado para outro caminhava:
Se conseguisse sair da casa fria
Lá fora um tempo feio o aguardava...
10a. Antologia Ponto & Vírgula - Pág. 36
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