Alceu Bigato- Conta-gotas do Infinito

O orvalho cai da noite, conta-gotas do infinito,
respingando o lençol verde, dando mais vida e cor.
Lapidado pelo sol, tudo brilha mais bonito, enxugando
e aquecendo, convidando o beija-flor. Há lugares onde
as plantas ficam bem mais encharcadas pra umedecer
um pouco a superfície do chão. São as lágrimas da
noite com orvalho misturadas, que também sentem a
seca através da oração.
As folhagens, aparando o orvalho cristalino,
aos olhos do caboclo, a mais pura poesia.
Sem os mesmos privilégios, nossos irmãos
citadinos, que despertam agitados no correr do dia
a dia, para serem conduzidos até o local de trabalho,
estressados pelas máquinas, tudo é
monotonia. Desconhecem os desenhos das
gotinhas de orvalho destruídos pelos pássaros,
foliões sem fantasia.
Só a mente doentia de quem é supersticioso não
percebe o orvalho provar que a noite é bondosa, o
amor do dia a dia é mais que maravilhoso e num
jardim orvalhado, o amor é cor de rosa.

Alceu Bigato


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