Aviso aos infiéis- *Jugurta de Carvalho Lisboa



    Atenção! A leitura deste texto não é recomendada às esposas que sabem ou desconfiam da infidelidade do marido. Assim, o autor se exime de toda e qualquer responsabilidade por possível acidente ou desenlace, que porventura venha a ocorrer, caso esta advertência seja violada. Estamos falando de infidelidade, que de acordo com Aurélio Buarque de Holanda, significa deslealdade, traição, perfídia. Esse desvio de caráter, por assim dizer, é uma arma traiçoeira e poderosa, capaz de atingir sua vítima de maneira implacável, causando sérios danos irreversíveis. As estatísticas mostram que ela é responsável por uma das principais causas dos crimes passionais. O homem está diante de um fantasma que o persegue desde eras primevas e, ao menor descuido, sucumbe se não estiver atento em fortalecer seu calcanhar-de-Aquiles. Infidelidade e tentação são uma dupla inseparável e têm como alvo a fraqueza humana, pois fazem parte da sua essência. Diferente de alguns seres, que foram criados para viver em monogamia. Bem, feita a advertência inicial, a partir daqui, é bom esconder o ouro do bandido, para que ninguém caia em desgraça. 
    Meu amigo, protótipo do mulherengo, tinha um monte de esqueletos bem guardados no armário. Por mais que se esforçasse para manter a aparência de marido fiel, para merecer a confiança da esposa, esta, co- 84 nhecendo a joia que possuía, usava de todos os artifícios possíveis para não perder o controle da situação, quanto à disponibilidade do companheiro, nas suas obrigações entre quatro paredes. Mesmo dentro desse clima de dúvidas e desconfiança, até que o casal sabia salvar as aparências, de modo a ser visto sob a ótica de que vivia de forma harmoniosa e dentro de um clima de confiança mútua. Atendendo às condições impostas pelo trabalho, o marido tinha que fazer viagens frequentes, que duravam em torno de uma semana. Com isso, a esposa já tinha um esquema muito bem montado, que colocava em prática, toda vez que o esposo retornava. Inspirada no teste que se faz para saber se o ovo está bom ou choco, colocando-o em uma vasilha com água, onde o ovo bom permanece no fundo e o choco boia, ela enchia a banheira d’água, despia o companheiro e o colocava dentro. Com a ideia preconcebida de que o teste poderia positivar a sua suspeita, já estava munida com um pau-de-macarrão para agir, caso tal ocorresse. 
    Conta-se, que por várias vezes a vizinhança, ao ouvir os gritos de socorro, teve que intervir a favor da vítima, livrando-a da surra aplicada pela esposa, ao ver os ovos do marido boiar dentro da banheira. 





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