É assim que a vida é surpreendente e linda.
Jaqueline Beltrão, jovem de tez clara e cabelo loiro
escuro, sonhadora e inteligente, criada com padrões nobres
de uma família rica paulistana, estudou jornalismo
e fez doutorando em artes visuais.
Conheceu Jorge Luiz, seu primeiro namorado, na
faculdade. Ambos estudaram juntos, inclusive línguas
neolatinas. Sonhavam morar em Londres. Casaram-se
assim que se formaram e fizeram uma festa de dois
dias na mansão de seus pais. Requinte em cada detalhe.
Grande repercussão.
Após o sonho realizado, partiram em lua de mel,
para Nova York. Ao retornar, apartamento maravilhoso,
montado com gosto por arquiteta de renome. Foram felizes,
mais de um ano, até que Jorge Luiz, trabalhando
em empresa multinacional, começou a viajar bastante.
Jaqueline estava feliz, trabalhando como Jornalista em
famosa rede de TV de São Paulo. Gostava de escrever
em jornais e estava escrevendo seu quinto livro. No cotidiano
do casamento, sonhavam com filhos.
Porém, numa noite de tédio e cansada, já em seu
quarto, recebeu o telefonema de uma mulher que se
apresentava como amante de seu esposo, expondo detalhes
que a arrepiavam a cada palavra. Irada, jogou o telefone
na parede, em gritos e pranto. Jorge Luiz chegou
logo em seguida e ao entrar no quarto, viu a cena dan-
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tesca. O rosto avermelhou-se e negou tudo a princípio.
Depois de longa e tensa conversa, confessou ter
uma amante há pouco tempo, mas que a mulher de sua
vida era ela, Jaqueline.
Pasma de ódio quebrou tudo no quarto, até os
perfumes que ele colecionava. Pediu-lhe para sair e
deixá-la sozinha.
Procurou os pais que a aconselharam a procurar
ajuda psicológica, antes de tomar decisão definitiva de
romper os laços do casamento. Decidida e dolorida,
chorou e saiu, não atendeu nem telefonemas.
Isolou-se por longo tempo em um flat e, quando
reapareceu, estava mais linda que antes e cheia de charme,
com desejo enorme de ser feliz.
Ligou para o estilista que havia feito seu vestido
de noiva e pediu que o reformasse a seu gosto. Queria-o
sem os botões das costas, com um decote para baixo
da cintura, não mexesse na calda e que o fizesse mais
curto na frente.
Chamou sua família e o marido, já com papeis do
divórcio nas mãos, e anunciou:
– Meu novo livro, está pronto, vocês estão convidados.
Em um mês me caso com a Poesia e a Literatura.
Estes jamais me traíram ou me deixaram na
solidão - disse em tom doce e com gosto de aventura
e mulher revolucionária.
Um mês depois, assim como havia falado, elegante
como uma princesa e, com assessoria de amigos, lançou
seu quinto livro numa das mais famosas livrarias
de São Paulo.
Foi um lançamento inusitado e maravilhoso. “Casamento
com a Poesia e Literatura”, assim os jornais da
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grande metrópole, descreveram o casamento. Vendeu
muitos livros, pois como era muito conhecida como
jornalista, professora e escritora de renome, seus fãs e
alunos fizeram fila para adquirir seu livro e assim, com
alegria e emoção, superou a dor da traição, com amor à
cultura e à vida.
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