Contraste- Antonio Perucello Ventura



O Sol, com seus chicotes de luz,
castiga o gado e o trigo,
a terra e a família.
O gado e o trigo
não aguentam
o peso imposto pelo céu.
E as feridas profundas:
Marcas de horror e morte.
A família e a terra
se alimentam como moscas
da derrota de seus companheiros.
O pai olha pela janela da sala
e vê, no horizonte, como um fantasma,
a morte a empunhar sua foice.
Carrasco a executar mais uma vítima.
O menino, do quarto mais alto da casa,
se ocupa com uma novela europeia,
viaja por terras longínquas,
onde o Sol não condena nem castiga.
O menino passeia por moinhos de vento.
Não sente medo do Sol,
porque pula mais alto que seu açoite.

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