Cordel- Rollemberg, Gilson



Um bom dia aos personagens

Bom dia Inspetora Zuca!
Bom dia Inspetora Bertoleza!
Quero que vocês me digam
A que devo a tanta beleza
Só o diretor Brussolindo
Que é feio por natureza
Parece um Canguru dormindo
Meu Deus! Mas quanta tristeza!
Fica parado e tremendo
Chamando a Bertoleza
Que sai correndo e com medo
Mas, com toda delicadeza.



Rollemberg, Gilson

A volta da Inspetora Zuca à Terra

Divirta-se com a peleja de um
Diretor e uma Inspetora nada normal.
Classificação Livre

Narrador – Caros leitores amigos
Vejam só o que aconteceu
Essas pobres criaturas
Pediram perdão a Deus
A discursão continuou
Porem, Deus o concedeu.

Narrador – Concedeu à Inspetora
Que retornasse à terra.

Deus – Aqui no céu não é
Lugar pra se ficar em guerra
Dona Zuca tenha calma
Desce e vê se assossega.

Zuca – Oh! Deus supremo, obrigada!
É isso mesmo que eu quero
Voltar para a minha vida
Que levava com muito esmero
Ao chegar lá na escola
Quero recomeçar do zero.

Deus – Abençoo-te minha filha
Siga então o teu destino
Se é pra terra que queres ir
Vais cuidar dos teus meninos
Que na escola te esperam
Estarei te conduzindo.

Narrador – Dona Zuca então seguiu
Em direção à viela
Suas vistas escureceram
E acordou na janela
Da sala dos inspetores
Assombrando uma magrela.

Narrador – E ao espiar toda a escola
Deu de cara com a Bertoleza
A inspetora que a substituiu.

Zuca – Meu Deus! Mais quanta magreza!
O que a senhora faz aqui?
Diga-me com toda franqueza!

Bertoleza – Sou a nova Inspetora
A senhora não sabia?
Dizem que a Inspetora Zuca
Morreu já faz alguns dias
E aqui eu vou mostrar
Toda minha simpatia.

Zuca – Morreu coisíssima nenhuma
Estou vivinha da silva
Vou falar com o diretor
Mas por favor, não me siga
Quero que ele me explique
O que faz aqui sua lombriga.

Bertoleza – Essa é uma assombração
E com certeza das bravas
Que além de estar morta
Tem saidinha marcada
E se essa moda pega
Vai arrepiar a meninada.

Narrador – Chega à diretoria
Aquela morta criatura
Assustando o Diretor
Que até perdeu a postura
Ficou parado e tremendo
Achando que era loucura.

Zuca– Seu Diretor Brussolindo
Explica essa palhaçada
No pátio tem uma lambisgoia
Cuidando da garotada
Dizendo que é Inspetora
E ao me ver ficou assustada.

Diretor– Se veio do céu ou do inferno
Dona Zuca, não se revolta!
A senhora foi a óbito
Por isso houve a troca
Cuidar dos nossos alunos
Pra mim, é o que importa.

Zuca – Não vou pedir remoção
Pois é daqui que eu gosto
Vou fazer uma votação
Quero contar com o seu voto
Se eu ganhar a eleição
Vai fazer um bom negócio.

Diretor– Hum! Estou entendendo
O seu modo de pensar
Acho que estou com sorte
Com certeza vou votar
Não me chame Brussolindo
Pra senhora Lindo dá.

Zuca– Seu Diretor Brussolindo
Entendeu tudo errado
Estou falando de trabalho
Deixa de ser assanhado
Posso registrar assédio
E o senhor indiciado.

Diretor – Diabo de mulher bruta
Por que não ficou por lá?
Será que nem Deus te quis
Olha onde foi chegar
Com seu jeito topetuda
Nem mesmo Deus quis suportar.

Zuca– Seu Diretor me respeita
Sou uma mulher de classe
Se eu não fiquei lá no céu
Pois achei que precisasse
De alguém bem competente
Pra controlar suas classes.

Diretor – Dona Zuca, estou pensando
Em mudar o meu nome,
Se eu tirar o Brusso
Fica Lindo, o sobrenome
Combinando com minha pessoa
O que acha? Desejo que assim me Chame!

Zuca – Chamar o senhor de Lindo?
Ora essa, seu Brussolindo!
Não vê que o senhor não passa
De um Canguru dormindo
Vê se te enxerga Diretor
Está sempre se sentindo.

Diretor – Deixou de brigar com o Zeca
Agora briga comigo
Sempre arruma confusão
Acho que estou preferindo
A senhora Bertoleza
E agora já vou saindo.

Zuca– Espera aí seu Diretor
Onde está o professor?
Acho que faz muito tempo
Que não sinto seu calor
O frio aqui tá medonho
Só o senhor não notou.

Diretor – Sinto saudades do Zeca
Dele ninguém se esqueceu
Coitado! Era um bom homem
E por você adoeceu
Após a sua partida
Teve um infarto e morreu.

Narrador – Dona Zuca naquele momento
Pós as mãos na cabeça
Saiu correndo pelo pátio e suplicando:

Zuca– Meu Deus! Me compadeça
Aqui sem o professor Zeca
Prefiro que me enlouqueça.

Narrador– A partir daquele dia
Dona Zuca enlouqueceu
Sumiu pelo mundo afora
Sabe Deus o que sucedeu
Morrer de novo, não digo!
Só sei que desapareceu.







Comentários