No passado, lépidos jovens cavalgaram
sobre brutas éguas
E brutos homens cavalgaram sobre pobres putas.
Dimensões opostas do divertimento.
Tomavam-se rédeas e bebidas com o mesmo despudor.
O pó da cancha consumia mentes e lares.
O abrir-se e o entrechocar-se de
pernas proporcionava prazeres
e desesperanças.
Os corpos invariavelmente cheios,
As pessoas quase sempre vazias.
O vazio a preencher-lhes os copos, os copos e as almas.
Veio a ruína e tudo foi desconstruído,
Mas o relinchar das éguas, em vãs disputas,
O gemer das putas, em fingido gozo,
E o peso do nada, que jamais se dispersa,
Continuam impregnando o ar.
Vieram mãos que retrabalharam a terra,
Abafando a poeira e calando gemidos.
Cresceram plantas e animais
E restaurou-se o sol.
Ainda ecoam os rumores daquele tempo:
Homens, éguas, putas e copos, num barulho intenso.
Nos dois extremos, a felicidade, sem rédeas.
Fugaz, mas inadiável.
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