Nessa pequena e curta construção de poucos e simples
escritos, não por egoísmo, algumas vezes me pego
dialogando na vastidão ideias e sentimentos interiores.
Penso sinceramente não ser um ególatra.
Personagens foram criadas, inclusive, Beatriz Helena,
que amo e acredito, sempre amarei enquanto houver
existência de memória.
Vejo-a em todos os lugares
por onde passo, nas ruas, avenidas, praças, no mercado,
nos shoppings procuro-a na multidão, nas igrejas, tento
identificá-la e relacioná-la com as pessoas presentes. Nos
livros, ela está sempre presente.
Nas madrugadas, antes de raiar o dia ou próximo,
ainda no escuro vejo-a sorrindo ou não. Ao levantar,
confirmo o novo dia, contemplando o céu. Procuro alguma
estrela que ainda possa lá estar. É ela, imagino,
Beatriz Helena, deixando-me contemplá-la, antes de
recolher-se. Porque estrelas, podemos apenas contemplá-las,
na sua própria luz e isso não é pouco. Preocupa-me,
quando em sua feição não vejo discreto sorriso.
Sem qualquer justificativa, compulsiva e incontida ansiedade
leva-me a pensar que não esteja feliz.
Alguém, insuspeito amigo, comentou em tom de
pergunta carinhosa e até literária.
– Quem será essa musa, tão amada, tão querida,
tão linda?
O escritor argentino Jorge Luiz Borges, muitíssimo
conceituado sobretudo no estilo de literatura fantástica,
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em um de seus livros, penso ser “O Aleph” , discorreu
sobre uma personagem chamada Beatriz Helena, porém,
em circunstâncias diferentes.
Ao lê-lo, fiquei apaixonado pelo nome e pelo relato,
aliás de todo o livro. Difícil, mas muito interessante.
Quando a imensa afeição levou-me a adoção de
Beatriz Helena, para viver comigo na imaginação e lembrança,
trouxe a personificada e linda imagem. Quase a
mesma que habita esses horizontes desde a crônica escrita
em 1.992 ou por volta disso.
Simplesmente linda, capaz de apaixonar um coração
sofrido, ou não, como o fez a imagem de “Monalisa”
a seu modo. Depois disso, por ignorado propósito incorporei-a
de forma compulsiva a uma pessoa, ou especificamente
a sua imagem. Dessas que passam naturalmente
em nossas vidas, sem nenhum envolvimento, mas
que deixa algo que não sabemos explicar. Sem nunca ter
ouvido sua voz, claramente, trocado palavras com algum
sentido, apenas tocando sua linda imagem, com olhar
que não quer obedecer ao pedido para ser discreto.
A dona desse enigma e inspiradora de tudo, és tu,
Beatriz Helena.
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