Quando penso nos porões do tempo, sinto o passado
como uma ilha longínqua que vem boiando na
memória e, às vezes, lança âncora. Pequenos ou grandes
episódios, fatos pitorescos, lembranças eternas...
que aí ficam adormecidas, despertam com força avassaladora...
há muitas memórias na memória... Se, como
diz o poeta “as palavras são como estrelas”, reescrevo
o texto do amigo Rui (Baiano) a fim de iluminar a
homenagem que, meu coração e minha alma prestam
aos dois grandes amigos: ao meu amado e inesquecível
irmão Marcelo, e ao Rui (Baiano) que, também, já se
transformou em uma estrela reluzente... entre os anjos
de DEUS junto ao Marcelo.
“Após a tragédia que vitimou a família Barbosa
Simões Gomes, em julho de 1968, um jovem amigo
do jovem Marcelo Barbosa Simões Gomes, abalado
com o desaparecimento do companheiro/amigo, vitimado
com o Pai, na Via Dutra, escreveu um texto
intitulado: “EU, VOCÊ E A MORTE”, que é conservado
pela senhora Aldair e a senhorita Cláudia, mãe
e irmã de Marcelo.”
“Como foi bom não ver você morto, e sim alegre e
contente... Sorrindo, dizendo o Amor, todo indiferente. Eu
também quero morrer, Marcelo, para encontrar-me com
você, dizer tudo aquilo que nós prevíamos, que eu senti e
que agora lá (aí) em cima você vê.
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Dizem, Marcelo, que existe um DEUS, um bom DEUS,
mas eu acho, Marcelo, que se Ele fosse bom, não tirava os caprichos
seus. Não tirava destes lábios, este sorriso, destes olhos,
este olhar, mas dizem que Ele é justo, tão justo que arrancou,
agressivamente seus 19 anos, sua total juventude...
Não ligue, e não chore, Marcelo, olhe por cima, todo
o imperfeito, sorria com a simplicidade do mundo dos homens,
sorria dos defeitos. Console o sofrimento de sua mãe e
a angústia de sua irmã Cláudia. Transmita sua humildade
à elas, sua tremenda capacidade de sorrir, de amar, e sua
infinita alegria que se foi sã!
Se amanhã eu morrer, ninguém sentirá a minha perda
(falta)... por que este mundo é uma MERDA!”
Rui (Baiano) - Julho de 1969
Rui (Baiano), precioso amigo! Como agradecer tão
profundo sentimento de afetuosidade?...Tantos anos
idos... no inexorável fluxo do tempo bailam as recordações,
lembranças lindas dos momentos únicos, vividos
na alegria da juventude, mas guardados, com carinho,
na memória e no coração, porém, transformados
em oração de silêncio e de saudade eternas de você e de
Marcelo, meu irmão.”
Cláudia Gomes Croce
Agosto de 2017
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