Rio- João Gandini


O crepúsculo veio como um visitante
E a noite esculpiu no céu um rosto escuro
O peito bateu e jorrou sangue pelo corpo afora
Como fogos de artifício
Fitei o morro
E o sino badalou-me às costas
Como por traição
A cada degrau da escada da Penha
Voltei-me num semicírculo mecânico
E o crepúsculo veio como um desesperado
O Cristo orava ao pai
Ora um sorriso
Ora um calafrio
O paletó cobriu-me o ombro como por encanto
Olhei adiante como um descuidado
O cais do Rio!
E o rio caiu-me sobre a cabeça
Num balde.


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