Sol poente a tingir de morno dourado
o mar bem calmo na tarde morena;
céu escarlate de fundo azulado
tangem minh’alma tranquila e serena.
A areia macia, de espuma adornada;
o vento a soprar o aroma do mar;
atiro a rede na água amornada
e bela cantiga me ponho a cantar..
Assim aturdido com tanta beleza,
não noto que alguém de mim se aproxima;
segura na rede com tanta nobreza
e nem me permite que o espanto eu exprima.
A malha, repleta, Ele puxa com jeito,
deixando na areia, se põe a explicar;
escuto, surpreso, porém satisfeito,
aquela magia que tem a contar:
“Para que te convertas em bom pescador,
não é necessária tão grande destreza;
é preciso apenas pescar com amor
em toda a essência e com toda pureza”.
Confesso, porém, que não pude entender
aquele ensinamento tão singular:
“por quê tanto amor é preciso ter
para um singelo ato de pescar?”
Sem resposta, Ele se afastou de mim,
caminhando por sobre as águas bem calmas;
estupefato, compreendi enfim:
na verdade, era um PESCADOR DE ALMAS.
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