Refém- Gabriel Magalhães Borges Prata

Tua boca me fez refém
Daquele dia, daquele instante
Em que tudo era desejo, respiração ofegante,
Vontade desenfreada,
Lembro-me dos meus olhos tocaram os teus
e devorarem-nos a retina.
Por frações de segundo, conheci-lhes as dores e paixões.
Encontrei-me em tuas lembranças e anseios.
Vi o teu primeiro beijo, tua primeira decepção de amor.
Fiz-me presente em teus conflitos juvenis,
Rodei o mundo em tuas viagens
e me perdi em tuas rebeliões.
Daqueles instantes
Minha língua guarda tímida o contorno da tua boca
e a delineia em vão nos sonhos mais profundos.
...
Nos instantes de sublimação,
Em que o corpo transfigura-se em alma
e a razão ou superego sequer existem,
Falta à palavra qualquer condição de possibilidade
Porque ela não é digna do dizer
e o indizível é muito mais nobre do que
[a mais nobre das palavras.





















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