Passo a passo, descrevo o cotidiano de um dos bairros dessa bela e próspera cidade, as pessoas produtivas em constante vai e vem, algumas muito apressadas parecem preocupadas com o horário, outros nem tanto, vão caminhando devagar e observando. Sem palavras entram em conflito vendo descaso dos objetos lançados nas calçadas, nas ruas, em pontos de coletivos urbanos; esses descartáveis entulhos que acumulam água da chuva, proliferando as larvas dos mosquitos da dengue que tanto mal tem causado a nossa população com epidemias constantes do "velho inimigo"!Mais adiante, nessa mesma manhã primaveril, entro no mundo dos pássaros que gorjeiam nas copas das frondosas árvores, num entremeio claro e verde, no céu azul anil brilham os raios do sol.
Apresso meus passos para tentar perder calorias, mas depois um enorme saco branco tecido de fibras plásticas, num canto da calçada, aguça minha curiosidade assim: "chego mais perto é vejo" um par de ténis cor marrom por fora, o volume imenso, no recheio, materiais descartáveis e muito papelão, um homem comodamente dormindo com os pés calçados; nem sequer se deu conta do amanhecer...
Com passos curtos e rápidos atravesso a avenida. Logo a minha frente vejo algo estranho em forma de foguete gigante outro morador de rua, todo envolvido por um edredom vermelho sujo, aparentando ser uma múmia recém chegada do Egito, ou um foguete pronto para decolar, rumo ao espaço sideral!
Refleti várias vezes aquela visão. Dias depois... Numa tarde quente, outro momento, foi nas imediações do centro da cidade, assisti um ato de solidariedade comovente de um lindo compartilho; quando sem titubear um cadeirante espadaúdo de músculos bem desenvolvidos, sem se curvar, encostou sua cadeira atrás de outra cadeirante, uma moça frágil que não conseguia ultrapassar um leve aclive, sua força física a impedia. Nesse ato de ajuda, registrei a gratidão desse momento mágico fragilizando-me. Será que você, caro leitor, concorda comigo?
As travessias, as dificuldades devem inserir em cada coração humano da mesma forma, o poder da força, da esperança, da fé, que devagar vão se ajustando cada coisa no seu tempo, procurando meios concretos de solidificar gestos imperceptíveis e sem respostas.
Há tempos estão adormecidos a educação, o respeito, a humildade e a disciplina.
Não é preciso reviver para mudar nossas almas atingidas por nós mesmos, sem se deixar inebriar pelo estímulo falso e passageiro. Não se sinta saciado pelas fantasias e devaneios... Vamos despertar os bons costumes, recuperar a família, a consciência, com harmonia afastando todas as sombras.
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