Vou trocá-la por outra!- Ithamar Vugman



            Foi com voz firme e decidida, disfarçando um pequeno remorso, que lhe comuniquei: vou trocá-la por outra. Lamurienta, ela me perguntou por que eu ia abandoná-la. Por que, mais uma vez, ia trocá-la por outra.
            Ela tem certa razão em reclamar. Era nova quando nos encontramos pela primeira vez. Sempre me foi fiel. Nunca andou com outro. Sempre está a minha espera. Sempre pronta para me receber. Bonita e cheirosa. Quando a procuro, fica juntinho de mim. Me abraça.  Aconchega. Protege do vento, do sol e do frio. Não tenho do que me queixar. Gosto dela. Entretanto, preciso admitir, sou inconstante. Não lhe sou fiel. Não sei dizer quantas vezes já a troquei por outras. Mas sempre volto para seus braços. Apesar de tantas traições, quando a procuro recebe-me de braços abertos. Sem queixas nem recriminações.          Não sei até quando voltarei a ela. Certamente chegará o momento em que ela ficará velha e não mais a desejarei. Ou talvez, bem antes disto, me canse dela e a abandone.
            Ainda gosto dela. Mas fui inflexível. Abandonei-a. Ela estava suada e suja. Impiedosamente e sem qualquer hesitação, coloquei-a no cesto de roupa suja. Vesti outra camisa, limpa e cheirosa. Que me abraçou carinhosamente.






















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