Encontro Fatal- Tereza Aparecida Farah Nazário



            Sofia sentia as pernas bambas e mãos suadas ao cruzar com ele no metrô. Em casa sonhava e fazia planos de conhecê-lo. Como abordá-lo? Comentava sobre ele com as amigas e elas sempre a animavam.
            - Não fique triste, amiga. Estamos bolando uma estratégia pra você conversar com ele.
            - Sei que vocês querem me ajudar. Prefiro confiar na sorte e aguardar um encontro com ele.
            Enquanto esse dia não chegasse, resolveu sair à noite para distrair com uma das amigas.  Foram ao cinema. Por algumas horas, não pensou nele. Na saída do cinema, esbarrou em alguém.  Ao se desculpar, sentiu que ia desmaiar de tanta emoção. Deu uma cotovelada na amiga e cochichou no seu ouvido:    - É ele.
            Ficou grudada no chão. Não conseguiu dar mais um passo. A amiga ajudou-a a se recuperar. No metrô, lá estava ele. Encarou-o e quando passou perto dele, deixou cair um papel com o seu telefone. Tomou essa iniciativa porque percebeu o seu interesse por ela. Mesmo assim não tinha certeza de que ele pegaria o papel, não dormiu naquela noite.
Durante a semana seguinte, seu coração batia descompassadamente com o toque do telefone até que, um dia, ele telefonou. Marcou um encontro e Sofia estava nas nuvens: não se concentrava no trabalho. Pensou: finalmente vou realizar o meu sonho.

    As amigas, muito solidárias, emprestaram vestido, jóias, sapatos, carteira para ela brilhar na noite do encontro. Em casa todos estranharam a sua animação, principalmente seu irmão Pedro. Comentou:
    - Minha irmã, você está diferente. Está escondendo alguma coisa de mim? Eu me preocupo com você.
    -  Fique tranquilo. Estou ótima. Nunca estive tão bem.
    Começou a namorar o Mauro. Estava apaixonada pelo rapaz. Fazia planos. Pensava: encontrei o amor da minha vida. Infelizmente sua felicidade durou pouco. Ele tinha outra namorada. Para Sofia foi um choque, quando os viu almoçando no Shopping Center. Trocavam carícias, ela quase desmaiou. Chorando, foi para casa.
    Não conseguiu voltar para o trabalho. Seus sonhos se desmoronaram. Ficou doente. Emagreceu muito, a família ficou preocupada. Seu irmão não se conformava com a desfaçatez do rapaz, resolveu procurá-lo para tentar uma reconciliação do casal.
    Sofia tentou dissuadi-lo de encontrar Mauro. Ela ficou com medo da reação dos dois rapazes.
    - Você não deve procurá-lo: Mauro é esquentado e não consegue controlar suas emoções..
    - Não se preocupe, maninha. Só quero um particular com ele.
    Sofia, desconfiada, das intenções do irmão, resolveu segui-lo. Pedro marcou um encontro com Mauro, à noite, numa praça bem pouco iluminada, com muitas árvores. Antes que o namorado de sua irmã dissesse qualquer coisa, ele gritou:
    - Você é um covarde, se aproveitando de uma garota ingênua. Sofia está sofrendo. É melhor se reconciliar com ela.
    - Quem você pensa que é pra me ofender assim? Já estava namorando outra quando conheci sua irmã. Não tenho culpa se Sofia se apaixonou por mim. Fique fora disso.
    -  Ninguém faz minha irmã  de boba. Você merece uma lição pra aprender a respeitar uma moça de família.
    - O que você está fazendo com essa arma na mão? Você é louco?
    Desesperado, tentou correr do irmão de Sofia, mas suas pernas não o ajudavam. Ficaram pesadas. Pensou: preciso me livrar dele. Não conseguia raciocinar, sua cabeça rodava,  seus pés não saiam do chão.
    Pedro alcançou-o facilmente. Estava transtornado com aquela situação: sua irmã definhando enquanto Mauro nada sentia pelo estado dela. Atirou nele e saiu correndo pela praça.
    Sofia manteve uma distância deles durante a discussão. Depois, aproximou-se. Ficou petrificada com a cena: o namorado, no chão, sangrando. Deu um grito de terror. Um carro da polícia foi se aproximando. Ela desmaiou, foi levada para o Pronto Socorro.
    Seu irmão já estava bem longe do local do crime. Ele só  confessou o assassinato, porque sabia que a irmã, ao se recuperar do choque,  contaria toda a verdade. Porém, não se arrependeu do seu ato criminoso. Pensava: ele precisava defender Sofia do namorado frio e calculista, um desaforado que se aproveitara da paixão dela e a abandonara, desonrada. . .


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