Já corri tantos caminhos,
bem demais para a minha idade,
já fui mentira e verdade,
já estudei em pergaminhos,
já voltei...tive saudade.
Já sofri mais do que contava
já sorri mais do que queria,
já vi a noite ser dia,
quando no polo norte trabalhava
e vinte e quatro horas o sol luzia.
Já passei por entre as montanhas
onde os rios de gelo se cobriam,
galguei vales em que cresciam,
searas ondulantes tamanhas,
e os cantares dos grilos se ouviam.
Já transitei na cidade,
no progresso participei,
já mil cartazes colei,
mesmo em noites de tempestade,
era jovem, então sonhei.
Já escrevi o que sentia,
já gritei de tanto amar,
já chorei por me faltar
a força que eu tanto queria,
para nunca querer chorar.
Já fui descalço para a escola,
para as letras aprender,
saltei muros para ver
os outros jogar à bola,
fintei a vida sem querer.
Pontapés que dei e levei,
que em mim se enraizaram
e que tanto me ensinaram.
Foi um jogo que eu joguei,
com os golos que eu marquei
e os golos que me marcaram.
Antologia Ponto & Vírgula No. 13 - Pág. 23
Editora FUNPEC
Coordenação de Irene Coimbra
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