(Tema em três movimentos)
I
O céu enlouquecido de azul
o ipê florido / transbordo de brancura
láctea leveza de borboletas.
O contraste é aviso aprilino
mês sortilégio / abundância.
A esperança reverdece
ou esverdinha, maculada
pela envenenada desconfiança?
Os homens, sinédoque mutilada
são ouvidos moucos, ou surdos?
Vivem de artimanhas rodeados
Perdendo mágicas mensagens
de um Deus pródigo e distraído.
II
O homem não foi a Cronus apresentado.
Lerdeia, efêmero, tonto inseto
ao redor da lâmpada vital.
Por que saudoso da Eternidade
se contrato curto, de risco
para ele é sempre lavrado?
Quem urdiu a trama, pestanejou
ou é prêmio de consolação
a inaudita possibilidade do amor?
III
A alma é presa
em paixão insana
o coração rubra mosca
na frágil teia
é um fremir de vida
não sabe a morte.
Paradoxais sentimentos evolam
ungem a Natureza
metaforizam o mundo.
Os Amantes tentam, dementes
entender / nomear o mistério
camoniana e nerudamente.
Luta vã, a alma do amor serva
vive, sangra, goza em êxtase
dolorosa vassalagem.
Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, Contos e Crônicas
No.13 - Pág. 33 - Editora FUNPEC
Coordenação de Irene Coimbra
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