MANCHAS- Antônio Carlos Tórtoro

Meu sol
Como todo sol que se preza
Tem manchas.

Saturno
Belo e ornado de anéis
Tem manchas brancas.

Júpiter
Pai dos Deuses, Zeus,
Tem manchas vermelhas.

Meu filho
Neurofibromatose congênita
Tem manchas pardas.

As manchas são troféus sobrenaturais
Que quais estigmas de Cristo
São Vistos Cósmicos dados por Deus
Aos seus escolhidos do Cosmo.

As manchas lembram, falam,
Exalam significados, mensagens,
Imagens contando histórias,
Palmatórias talvez, do mundo.

As manchas do meu sol, genéticas,
São antiestéticas, nasceram em meiose,
Dose aleatória de translocação, sono,
Cromossomo dezessete, natural distração.

E as orações se tornam fermento.
No sofrimento ante temores, tumores,
Nossa dores encontram bálsamo em Maria,
Santa Pia, vela a vida Rosa Mística.
A heurística é altar de inspiração.

Então, ciência do homem pós-moderno,
Hodiernos arsenais, dispõe de luta 
E na labuta de pesquisas enfim desvenda,
Retira a venda, se apossa das mutações.
Milhões em luta, dispensam-se Valquírias.

Meu sol, apesar e contudo, ilumina.
Como todo sol que se preza
Tem brilho.

Meu filho
Ser único sem par nos Universos,
Em versos compõe a vida,
Tem amor.
É.

Antologia Ponto & Vírgula - No. 13 - Pág. 15
Editora FUNPEC
Coordenação de Irene Coimbra






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