Olhei meu celular e vi a mensagem de meu amigo, no WhatsApp: "Você vai estar aqui no dia 19 para irmos no casamento?" A minha primeira reação foi negar o convite, mas depois de alguns minutos, resolvi que não poderia perder a oportunidade.
Príncipe Harry sempre fora o meu "preferido". Agora ele estava prestes a casar com uma atriz norte-americana linda e simpática e eu, que sempre tive fascínio pela história da Família Real Britânica estava prestes a presenciar um casamento real.
O casamento começaria ao meio-dia horário do Reino Unido. Às 05:00 eu já estava de pé, no ponto de ônibus, espe-rando o número 65 que me levaria até a estação de trem. De lá partiríamos para Windsor, 35 km de Londres.
Logo na estação já se notava que aquele sábado não seria como qualquer outro de costume. No trem lotado, mulheres com fascinatos (uma espécie de tiara com um pequenino chapéu, feito de seda, laços ou redes, frequentemente usados por mulheres Cristãs, em batizados e especialmente, em casamentos no Reino Unido).
Outros vestiam roupas com a bandeira do Reino Unido estampada, e havia corajosos que usavam blazers, apesar de a previsão do tempo acusar que a temperatura chegaria aos 26o.C.
Podia-se notar a felicidade das pessoas em poder presenciar o momento histórico: um príncipe real britânico, casando-se com uma atriz norte-americana, divorciada, filha de uma negra.
Enfim chegamos a Windsor, uma cidade de 30 mil habi-tantes que estava prestes a receber 100 mil pessoas.
Apesar de tantas pessoas, tudo corria bem, com segu-rança triplicada e organização impecável. Garrafas de água sendo entregues, gratuitamente, assim como bandeirinhas do Reino Unido, coroas de papel e um folheto explicando como seria a cerimônia.
Encontramos um lugar para sentar perto da cerca que separava o público, ao lado do portão dos fundos do castelo, onde a futura Duquesa de Sussex passaria com sua mãe para chegar a Capela de St. Georges.
Ao meio-dia, estávamos preparados e ela então, dentro de um carro antigo, preto, seguidos por outros carros, passou como um jato. Foi o primeiro momento que pudemos ver a duquesa. Telões foram instalados para que o público pudesse assistir ao casamento. Enquanto assistíamos, uma senhora simpática que trabalhava na organização, oferecia protetor solar a nós e aos que estavam próximos. Resolvi que não aceitaria já que estava vidrada no telão. Um sol de 26oC não faria nada a uma Ribeirãopretana acostumada ao calor de 35oC.
A cerimônia, linda e tocante, só me fazia ficar ainda mais ansiosa pelo momento em que os recém-casados, passariam por nós, em sua carruagem.
O público que chacoalhava bandeiras, foi ao delírio com o "I Do!" ("Aceito") dos noivos, entoando um coro com o hino do Reino Unido "God Save the Queen".
Finalmente, chegava a hora de presenciar o Duque e a Duquesa de Sussex passando por nós. E lá estavam eles, em uma carruagem, lindos, como um conto de fadas. Vê-los tão perto me teletransportou à minha infância quando lia sobre a Família Real nas aulas de Inglês, e quando vi aquele menino ruivo, tão novinho, no velório de sua mãe, a eterna adorada Diana.
Ele estava casado, e eu, agora, era parte deste dia histó-rico.
Deste dia trouxe comigo um sonho realizado, um nariz vermelho queimado de sol e um ensinamento: use filtro solar.
Antologia Ponto & Vírgula - No. 13 - Pág. 6
Editora FUNPEC
Coordenação de Irene Coimbra
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