“Num dia que há de vir, e em mim assoprar um vento,...
e eu em ondas ir flutuando para a imensidão,
envolvido pelas brumas do firmamento,
driblando asteroides, molhado de cerração,
cortando nevascas, brilhando de pó de estrela,
seguindo as estradas, feitas da luz do luar,
olhando ao longe, com o desejo de revê-la,
esquadrinhando o céu, tentando a ela encontrar.
Exausto, moça da nuvens, eu a acharei,
sentindo o sonho antigo, então se cristalizar,
e na poeira do infinito eu a tocarei,
podendo afinal um segredo lhe revelar:
O vento a buscou antes de mim, naquele dia,
e só agora que me assoprou e eu a encontrei,
posso dizer o que não disse por covardia,
dizer, sem nenhum medo, que eu sempre a amei...”
Poema de Antônio Manoel Júdice - 14a. Antologia Ponto & Vírgula - Pág. 15 - Coordenação: Irene Coimbra - Editora FUNPEC.
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