Ela acordou, na madrugada, com uma sensação estranha. Aos poucos, uma dor intensa na face esquerda (seu lado preferido pra dormir)....
Acendeu a luz do banheiro: cruzes, que pelota é essa? Apalpou o edema . Será caxumba?
Nada atrás da orelha. Picada de inseto? Colocou os óculos- nenhum furinho.
Deitou-se do outro lado e demorou a conciliar o sono: e se for raiz de dente necrosada? Uma inflamação nos implantes?
Mal clareou o dia, entrou na Internet. Pesquisou sinais e sintomas, procurou fotos.......sim, CAXUMBA. E agora? Cuidados, repouso, líquidos etc .....transmissível por vírus.
Fez o comunicado.
- Mas não pegou de criança?
-Qual criança? Ah, não, não tive na infância.
- Olha, é perigoso. Tenha cuidado pra não descer.
-Ué esse negócio de descer não é só para homens ?
-Para mulher também ,porque tem a ver com o sistema reprodutor.
-Fiz histerectomia.
-Mesmo assim, a inflamação pode caminhar.
Lembrou - se de que, antigamente , as pessoas colocavam um pano amarrado no cocoruto.
Simpatia, superstição?
Simpatia ou não, procurou um pano e amarrou bem amarrado. Vai que a " coisa" desce e um seio fica maior que o outro.
Té besta sô!
Crônica de Nely Cyrino de Mello - Pág. 47 - 14a. Antologia Ponto & Vírgula.
Coordenadora: Irene Coimbra - Editora: FUNPEC
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