DE REPENTE, UM LIVRO Por Aline Olic



                Na caixa amarela, se lia Correios. Uma encomenda internacional que não havia solicitado. Reconheci a letra do destinatário em um milésimo de segundo. "As Antologias!", pensei.
            Com o auxílio de uma faca, rapidamente, tratei de abrir a caixa. "Mas o que é isso?" Olhei confusa para o livro, em minha frente, por alguns segundos. Reconheci a foto de capa. A "autora" eu, melhor do que ninguém, a conhecia: Aline de Oliveira Cláudio.
            "...Se Faz Caminho Ao Andar" Mas como poderia ser possível? Um livro? Um livro meu? Eu, que nem escrevo? Eu tenho um livro???
            Li a contra-capa e as orelhas. Comecei a ler o Prefácio. Tudo ainda um mistério. Quem teria escrito algo tão carinhoso e tão delicado? Quem teria me enxergado tão bem, apenas entre linhas? Fernanda R. Mesquita. Escritora portuguesa que (ainda) não conheço pessoalmente, mas já tenho por ela carinho e admiração imensos. Ao ler seus poemas e textos na revista Ponto & Vírgula, não posso deixar de admirá-la.
            Agora, a vez da Crítica Literária. Após o primeiro parágrafo lido, já tinha a certeza de quem havia a escrito. Não havia como negar. A elegância e harmonia em sua escrita, já se fazia clara de que a autora da crítica era um nome de peso da Literatura Ribeirãopretana. Sua visão crítica sobre minha escrita, de uma maneira que eu mesma não consigo enxergar. Ely Vieitez Lisboa.  Uma escritora de quem, desde a sétima série, sou fã. Foi em uma palestra no colégio que a conheci. A maneira sábia e gostosa com que falava sobre Português e Literatura encantava todos os alunos que ali estavam. A verdade é que mal sabíamos a diferença entre sujeito e predicado, mas com sua maneira clara, apresentava suas ideias e fazia com que tudo fizesse sentido em nossas cabeças. Dezoito anos depois, ao ver sua crítica literária, me senti alguém de extrema importância.
            Chegou a vez do Sumário. Títulos de textos que nem me lembrava que havia escrito. Todos curados, com muito carinho, pelo meu anjo da guarda terrestre, minha mãe. Me emocionei com tamanho carinho. Meu coração gritava, silenciosamente, de tanta felicidade. Aquele livro, em minhas mãos, era um sonho realizado. Um sonho que nem mesmo sabia ter.
            Eu tenho um livro. Mas acima de tudo, eu tenho a sorte de ser sua filha. Que sorte a minha!
            Li em algum lugar que, para um escritor, um livro seu é como um filho. E, por ironia, eu que nem escritora, nem mãe sou, agora tenho um livro-filho, filho-livro.
            Esse presente de aniversário antecipado me fez ter a certeza, mais uma vez, de que ninguém jamais irá me amar como minha mãe.




















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