A voz do silêncio - Aldair Barbosa Simões Gomes


            Meu queridíssimo irmão: Alvim Alvino Barbosa, nasceu em 7 de dezembro de 1935, em Resplendor, MG. Cidadezinha cravada bem no vale do Rio Doce. Faleceu em Vitória, ES, em  primeiro de junho de 2007- Dedicou-se a diversas atividades durante sua vida terrena. Foi: poeta/ator/Diretor de Teatro/escritor/cronista social/autor de vários contos/Partícipe do Projeto Pixinguinha/Coordenador da FUNARTE do Rio de Janeiro e de Brasília. Acumulou uma sólida cultura, autodidata, dedicou-se à Literatura e à Arte, especialmente, ao Teatro e a Poesia.
           A POESIA DE Alvim Barbosa nasce de envolvente simplicidade, em gotas de surpresas, na forma e nas imagens. Não sei que cor tem a alma. Ninguém sabe. ”Esse poeta do silêncio consegue, porém colorir de alma todos os seus versos e se transforma no Príncipe das cavalgadas de lagrimas e de sonhos. É POETA.” Sim, Alvim Barbosa é poeta, na fecundidade de seu silêncio:
‘Poema’ (in memoriam)
As águas batem de manso/ Na praia do meu silêncio/ Deixando conchas vazias/ Espumas cheias de sonhos./ Gaivotas passam de leve/ Singrando o mar infinito/ Com mensagens cor de neve para minha solidão./ Um navio cor de Lua/ Aportou no meu silêncio/ Com imagens suicidas/ Dos sonhos desencontrados./ Mas volta o vento da noite/E voltam as aguas do mar/ Arrastando pelas praias/ As vozes do meu silêncio.
Alvim Barbosa – in O Tempo a ponte, de 2002.
      Para concluir transcrevo abaixo um trecho da Apresentação de “Silêncio Verde  vida e obra de  Alvim Barbosa,” de nossa queridíssima amiga Rosa Maria de Britto Cosenza:
     “A semente penetra na terra e aprofunda-se, deixando-se soterrar. Ali adormece e em seu sono profundo fertiliza. A mudez de sua gestação cria raízes e acumula energia para rasgar silenciosamente as entranhas da terra que a acolheu, desabrochando em flores e frutos de amor, resultantes de reflexão profunda na busca silenciosa da compreensão do ser.
     Assim é o silêncio de Alvim Barbosa. Na quietude de seu sono eterno, Alvim frutifica. A voz maviosa do autor repousa tranquila na mansidão dos que percebem ter cumprido sua missão terrena: são poemas, crônicas, peças dramáticas, contos, projetos artísticos, representações marcantes. Sonhos realizados e por realizar. Angústia da procura, “Sinfonia da Ausência”, visão do “Tempo na Ponte”. O reconhecimento do que deveria ser e não foi. A constatação do inevitável. A paixão pela vida. O inesperado da morte.
      Palavras e mais palavras que, brilhando na escrita, trazem-nos a doce visão de uma presença que se faz sonora no eterno silêncio do não mais viver. E as Lágrimas insistem em cair, como aplausos pela magnificência do ator que se faz sentir presente por tudo que nos legou.
     Uma dor suave percorre nossas veias. É a saudade inexplicável do que realmente amamos. Pela afinidade da alma. Pela grandeza de sentimento. Pela espontaneidade do existir. Assim como sempre foi. E num instante mágico revivemos os momentos lindos do poeta criador. Rememoramos Alvim na fecundidade de seu silêncio”.
Dezembro não tarda, em particular o dia sete, são lembranças de emoções diversas e preciosas que marcam a celebração do aniversário de meu amado irmão Alvim, e a saudade bate forte... silenciosa... eterna...  
Aldair Barbosa




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