Duelo existencial- Regina Alves


                                                           
   Num palco esplendoroso ia nascer, 
   Me foi sonhado grandeza, vencer!
   Num certo dia 03 brotei chorosa,
   num mundo penoso, marcado. Sou VITORIOSA!!!
                                                  
   Suplantei maus momentos fatídicos, doidos... 
   Superei tristezas... Não me acomodei!
   Corri sempre do nada ao tudo e, 
   De repente cá estou, conteúdo guardei!
                       
   A vida corrida, cansativa, magnífica,
   Travou um duelo com minha existência. 
   De pé conquisto cada um de meus momentos...         
   De pé cavalgo este gigante imenso!

   Sou um ser conquistando o EU,
   Navegando o pensamento na verdade.
   Almejo sempre ao mais alto ir,
   Viver, mas em conjunto com a humanidade!

   Entender a vida? Que coisa tola...
   Por mais que queira algo fugiria
   Pois se chegasse ao cume de mim,
   Meu ser, o estímulo da vida perderia

   Gostar da vida é achar a luz!
   É interessar-se por um eu amigo.
   Pois preciso gostar de mim própria,
   Para ter o prazer de viver, contigo!           

   É um diamante quase lapidado,
   A conquista do conhecimento de seu próprio ego!
   É achar um tesouro, é superar o medo.
   Se não me volto a meu eu, sou verdadeiro cego!
                         
   Estou arraigada à minha existência,
   Procuro encontrar-me num contexto amplo.
   Engatinho, caminho, caio, levanto...
   Mas confesso que a cada instante me espanto! 
   Viver é um sequencial de chances,
   Aproveitá-las é tudo que devia.
   Porém às vezes elas fogem, sorrateiras...
   E nós ficamos com as mãos vazias!

   No afã de conseguir salvar-nos,
   Nos açoites gozosos da emoção,
   Deixamos quantas vezes suplantada,
   A razão em prol do coração!

   Neste instante o ser se torna oco,
   Pois que a balança não pode empenar...
   O coração é ator principal do palco,
   Mas jamais a razão pode suplantar!

   Se assim for, serei um nada...
   Brigo pela vida e a dou de graça?
   Brinco com meu eu e nada faço...
   Afinal quem sou? Eu sou palhaço?



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