A busca- Vera Regina Marçallo Gaetani




Fui como a flor 
que vingou por acaso.
Como o acaso não existe, 
não tinha razão de ser.
Fui como a gota de orvalho 
sem planta para orvalhar.
Diluí-me pela terra, 
orvalhando não sabia o quê.
Fui a rosa fecundada, 
gerando tantas outras, 
querendo formar jardim.
Mas, à medida que cresciam,
 lá se iam 
e se afastavam de mim.
Fui como o raio de sol 
tentando aquecer alguém.
Mas as nuvens zombeteiras,  
brincando de esconde-esconde,
me impediram isso também.
Cansada de procurar, 
exausta de não encontrar,
quem acreditasse em mim, 
fui aos poucos me calando,
cada vez mais me afastando 
do vozerio aí de fora.
Palavras fúteis, inúteis 
ao meu momento de agora.
E no profundo silêncio 
do meu “eu”,
de repente fui achar  
tudo aquilo que era meu.
Estava lá meu jardim  
com todas aquelas flores
que um dia germinei,  
umedecidas de amores
do orvalho que esparramei.
O raio de sol brilhava
com tamanha intensidade
que quase me cegava 
tão grande sua claridade.
E num ato de coragem,
 nunca antes tido então,
desnudei-me de meus rótulos,  
bengalas joguei ao chão.
Escancarei as janelas,
vislumbrando diante delas 
a conquista do sem fim!
O infinito... a eternidade... 
e meu Deus dentro de mim.




 

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