Rio de Lágrimas- Raul Ramos Neves de Abreu


Que Rio estranho de águas perdidas,
nasce dos olhos na hora do pranto,
desliza pelas faces, em lágrimas sentidas,
protesto silencioso do desencanto!

Quantas vezes ensaia nos olhos, Janela D'Alma,
quando se agitam no íntimo, tão reais,
as lembranças queridas que a saudade espalma,
e o passado cruel, não devolve mais!

O último baile, o calor dos corpos unidos,
no quase abraço ao som das valsas dolentes,
outros pares ao redor, conversas aos ouvidos,
rosto no rosto, lábios tão pertos, ardentes...

Depois, os encontros à luz do Luar,
as conversas inocentes de namorados,
olhos nos olhos, desejos a palpitar,
no descompasso de corações apaixonados!

Que estranho rio de águas perdidas,
quando a alma sonhadora fica magoada,
na procura inútil das lembranças queridas,
que vivem apenas na Imensidão do Nada!


Comentários